O jornalista José Carlos de Vasconcelos, diretor do quinzenário JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias e coordenador do Gabinete Editorial da VISÃO, é o vencedor do Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural, foi hoje anunciado. Entre as qualidades do premiado, o júri destacou o “raro exemplo de persistência na imprensa portuguesa de âmbito cultural”.
Esta é a segunda edição do Prémio, no valor de 40 mil euros, que no ano passado distinguiu o ensaísta Eduardo Lourenço, O nome do vencedor é revelado no dia em que poeta e ensaísta Vasco Graça Moura, falecido em 2014, completaria 75 anos de vida.
“Fico contente com este Prémio, de que não estava à espera. Para quem anda nestas coisas da Cidadania Cultural há quase 60 anos é, por um lado, um reconhecimento e, por outro, um estímulo”, disse José Carlos Vasconcelos à VISÃO. O premiado reconheceu ainda a importância desta distinção para o Jornal de Letras, que classificou como “uma luta de resistência desde há 35 anos”.
Um membro do júri adiantou à agência Lusa que a candidatura do diretor do JL recolheu a unanimidade por ser uma “personalidade que se tem afirmado em todos os domínios em que tem exercido atividade, como das figuras mais marcantes da vida portuguesa nos dias de hoje”.
O júri, presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, valorizou o percurso de vida de José Carlos Vasconcelos, de 76 anos, que “ilustra bem o papel muito relevante que sempre desempenhou e desempenha – como advogado e homem de leis, como poeta e escritor, como jornalista e interveniente ativo na valorização da língua, da literatura, das artes e ideias. Não é possível falar hoje da cultura portuguesa e da sua difusão no mundo sem lembrarmos José Carlos de Vasconcelos”.
Na ata do júri, é salientado ainda “o papel desempenhado com grande generosidade e determinação, inteligência e elevado sentido profissional, pelo premiado na fundação, direção e manutenção do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias”.
Além de Oliveira Martins, o júri foi constituído por Maria Alzira Seixo, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Liberto Cruz e, ainda, por José Carlos Seabra Pereira, em representação da editora Babel e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.
O Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural é uma iniciativa da Estoril Sol, em parceria com o grupo editorial Babel.
Jornalista, Advogado, homem de Cultura
Natural de Freamunde, Paços de Ferreira, José Carlos de Vasconcelos é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e iniciou a sua carreira profissional de jornalista em 1966, no Diário de Lisboa. Nessa altura, já contava com quase uma década de colaborações em títulos académicos e culturais, entre outros.
Durante a ditadura, foi dirigente da Associação Académica de Coimbra, interveio na crise académica de 1961-62, e foi presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa, onde organizou a primeira lista democrática às eleições do Sindicato dos Jornalistas. Após o 25 de Abril, foi deputado à Assembleia da República, eleito em 1985 pelo extinto Partido Renovador Democrático (PRD), de que foi um dos fundadores.
Como advogado, que exerceu quase sempre em simultâneo com o jornalismo, defendeu presos políticos durante o Estado Novo, jornalistas acusados de crimes de abuso de liberdade de imprensa e negociou o acordo coletivo dos jornalistas em 1973.
No jornalismo, onde ganhou praticamente todos os prémios de carreira e de prestígio, entre os quais o Prémio Gazeta de Mérito, foi diretor adjunto do Diário de Notícias em 1974 e fundador do semanário O Jornal em 1975 – de que veio a ser diretor. Foi também diretor editorial da Projornal e, em 1993, fundador da VISÃO. Atualmente, exerce funções de coordenador do Gabinete Editorial da VISÃO, onde também é colunista. É diretor do Jornal de Letras desde a fundação, há mais 35 anos.
A par do jornalismo e da advocacia, desenvolveu sempre uma intensa atividade na área cultural, sobretudo no espaço da lusofonia, que foi aliás salientada pelo júri do Prémio Vasco Graça Moura.