Nada como contar benesses antes de soprar as velas de aniversários: desde o lançamento do primeiro tomo de Crónicas de Gelo e Fogo, em agosto de 1996, foram vendidos mais de 60 milhões de exemplares em todo o mundo. Em Portugal, os dez volumes publicados (a editora Saída de Emergência optou por publicar cada livro em dois tomos) somam os 250 mil exemplares. É um longo caminho percorrido para o miúdo de dez anos, filho de um estivador, e leitor ávido de clássicos do terror e da ficção científica, como Robert A. Heinlein e H.P. Lovecraft. Já então, George escrevia, nos seus cadernos da escola, histórias sobre lobisomens, vampiros e monstros de todos os feitios – muito antes de imaginar os demónios do norte gelado ou vilões como Joffrey Lannister.
Agora, aos 67 anos, George R.R. Martin contou no seu blogue, Live Journal, que as duas décadas da publicação da sua história sobre os sete reinos serão assinaladas com uma edição especial: A Game of Thrones, lançada pela editora Bantam a 18 de outubro, é um livro luxuoso, com 73 ilustrações a preto e branco e oito a cores, que incluem 48 inéditos. A história é, evidentemente, a mesma, contando as aventuras dos Lannister, dos Stark ou de Daenerys, mas o texto é acompanhado por desenhos de página inteira, assinados por vários artistas.
O escritor, que ainda nem sequer acabou de escrever The Winds of Winter/Os Ventos do Inverno, o sexto dos sete livros previstos para a saga dos reinos de Westeros, tem outras razões para celebrar. George R.R. Martin já anunciou, no blogue, que vem aí uma nova série de televisão baseada na sua obra literária, tendo revelado que a Universal Cable Productions adquiriu os direitos de Wild Cards para televisão.
Wild Cards é uma saga de ficção científica com superheróis como protagonistas. Passada nos EUA, no período pós-Segunda Guerra Mundial, esta criação ficiconal é sobre um vírus alienígena, que é lançado primeiro sobre Nova Iorque, e que muda o curso da história humana. Quando os seres humanos entram em contacto com esse vírus mortífero, chamado Wild Card, este traz poderes fora do comum a 10% das suas vítimas. Mas os resultados são tão imprevisíveis como uma partida de póquer: as pessoas infetadas podem transformar-se em heróis ou em monstros…
George R.R. Martin descreve Wild Cards como “um universo tão complexo e entusiasmante como o das bandas desenhadas da Marvel e da DC, mas, de alguma forma, mais sombrio, realista e consistente, e com um enorme elenco de personagens” – caraterísticas que A Guerra dos Tronos também reclama. Mas não se trata de uma criação recente do escritor. Wild Cards revelou-se em 1986, dez anos antes do primeiro livro da saga Crónicas de Gelo e Fogo, e muito antes do filão atual de gente vestida de licra e com superpoderes, explorado até à exaustão pela Marvel e DC Comics no cinema. Já adaptado a banda desenhada e a jogos, soma um total de 22 livros publicados. E, agora, prepara-se para conquistar os espetadores de televisão, mas para ver as cenas destes novos episódios, estes terão que esperar um ou dois anos. Virá aí um novo inverno do nosso contentamento?