Foi em ambiente de otimismo generalizado que a ARCOLisboa se revelou, esta quarta-feira, a convidados, colecionadores, e figuras da política, das artes e da finança. Ao longo do espaço-corredor da Cordoaria, com pavilhões brancos de ambos os lados, ouviram-se muitos idiomas diferentes, confirmação do apelo internacional ambicionado por esta feira de arte contemporanea, extensão de uma das maiores feiras contemporâneas do mundo, criada com um orçamento de um milhão de euros, e com os apoios do Ministério da Cultura, do Turismo de Portugal e da Câmara de Lisboa. Mas foi em bom português que se ouviu a grande novidade do dia: Fernando Medina anunciou a constituição de um fundo de aquisições no valor de €200 mil, criado pelo município de Lisboa. “Um sinal claro de dinamismo e aposta” na ARCOLisboa que o autarca definiu como “um espaço de oportunidade única”.
Medina, que pouco antes pedira desculpa por chegar uns minutos atrasado à conferência – “Só posso garantir que não foi por causa das obras em Lisboa”, brincou – economizou nas palavras mas deixou assim um cheque assinado para o futuro. Recordando uma frase proferida por Carlos Urroz, em que o diretor de ambas as feiras ibéricas definiu Lisboa como “o sítio onde todos querem estar”, o responsável pela câmara lisboeta afiançou: “Queremos que Lisboa seja o sítio onde todos querem estar: uma cidade aberta, cosmopolita. Queremos agarrar esta marca ARCO com alegria e convicção.” Até porque, sublinhou, o evento acontece num momento especial: Lisboa vai ser a Capital da Cultura Ibero-Americana, em 2017, e a vocação de Lisboa é “tocar todos os cantos do mundo, é assim que os portugueses se sentem”.
À VISÃO, o autarca explicou como é que articula a criação de um fundo de aquisições neste big picture: “O objetivo é dar um sinal claro de que levamos muito a sério a aposta nos criadores de arte contemporânea, e este é um momento em que o município vem dizer que está presente, apoiando da forma mais importante, que são as aquisições, e retomando uma prática que estava interrompida há alguns anos. Iremos valorizar o acervo do município, já muito significativo em múltiplos domínios – e, na minha opinião, ainda muito insuficiente no que diz respeito à arte contemporanea.” Questionado se as compras estarão focadas em artistas emergentes, Fernando Medina responde que tal “será depois avaliado por uma comissão independente, que irá definir, em rigor, o âmbito e a atuação concreta desta iniciativa”.
Os nomes da comissão que escolherá o que se compra e de quem, serão, diz, conhecidos “em breve”. “Posso dizer que é uma comissão independente, autónoma da Câmara, constituída por pessoas de reconhecido mérito no meio, que agirão em nome da Câmara de Lisboa, colocando depois este património à disposição de todos”, sublinha.
À VISÃO, o autarca garante que não se tratará de mais uma coleção de arte: “Esta constituição de um fundo de aquisições tem o objetivo de sinalizar a importância do acervo municipal, mas também o de o constituir como um acervo aberto. Isto é, as peças adquiridas não se destinarão apenas aos museus do município. Destinam-se igualmente a apoiar as exposições de arte contemporanea que se venham a realizar, e a poderem ser emprestadas para circuitos vários. No fundo, a valorizar o património da cidade, para o poder inserir como marca de Lisboa no roteiro no mundo e na arte contemporânea.”