Na segunda metade do século XIX, todos os verões o ritual repetia-se: por alturas do estio, a autarquia farense mandava construir um “quiosque” provisório para as bandas filarmónicas tocarem. Esta construção, que passou mais tarde a ser chamada de coreto, era acarinhada pelos habitantes e veraneantes, pelo que se decidiu que o provisório deveria passar a permanente. E assim nasceu o atual coreto de Faro, construído em 1895. Ao longo dos anos, as várias vereações da Câmara Municipal de Faro procederam a diversas obras de recuperação e aperfeiçoamento deste coreto, situado no Jardim Manuel Bívar. Hoje ainda é peça principal de atuações festivas na cidade e palco de um Presépio de Natal com grandes figuras, que todos os anos faz as delícias dos tantos turistas que por ali passam.
O jardim que o acolhe está na zona nobre da cidade, onde a população acorria com muita frequência para as mais diversas atividades, fosse passear, descansar ou ouvir a música das bandas filarmónicas da terra que por ali tocaram. Em 2004, um projeto de requalificação do coreto fez com que o Café Coreto – até então ligado diretamente ao redondel –, fosse transferido para a doca de Faro. Jorge Gaspar, proprietário do estabelecimento há cerca de 30 anos, fala com alguma angústia do afastamento do café para longe do emblemático equipamento urbano, e da consequente perda de clientela. O nome do espaço, explica, “surgiu obviamente por ter ligação direta ao coreto” e relativamente à pouca afluência de pessoas ao jardim e ao coreto, diz que se tem notado em grande escala e por toda a parte, “principalmente à noite”, a “desertificação” de uma cidade que vive da agitação turística.